Resenha: Django Livre (sem spoiler!)


Já faz um tempo que assisti Django Livre, honestamente vi sem saber ou pesquisar nada sobre o filme. Confesso que estou longe de ser "A Fã" do Tarantino, gostei muito de Kill Bill e de outros filmes seus, por outro lado não suporto Pulp Fiction e não consigo entender a admiração de muitos por este filme, mas respeito.

Enfim, assisti Django sem esperar nada e seu enredo me surpreendeu do início até o final!
Para começar, não esperava um filme sobre escravidão, na hora que percebi do que se tratava já fiquei super empolgada pois, sempre achei o Tarantino um diretor visionário, que sabe expressar, de uma maneira bem peculiar, determinadas épocas, temas e contextos político culturais (como no filme Bastardos Inglórios)

Como o post de ontem foi sobre a foto da menininha negra, que por sinal deu uma ótima repercussão, fiquei com a questão do combate ao racismo na cabeça e imediatamente me lembrei de Django que, tenho plena convicção, se tornará em breve um clássico do cinema - principalmente por se tratar da luta anti escravocrata.
O filme deixou para mim a marca de uma narrativa que retrata da forma mais crua e livre possível o que foi, de fato, a escravidão, como também o nascimento de um herói, Django.
Com direito a mocinha em apuros, um sábio tutor, um vilão e seus subordinados. Percebemos alguns elementos meio fantásticos na narrativa, além do bom e velho faroeste. O mais bonito é a facilidade que se tem de visualizar o emaranhado cultural de forma clara e natural.
Mas, como todo filme do Tarantino, não poderia faltar um banho de sangue com sua violência habitual e um outro de água gelada - no caso uma aula de História bem dada.

Fiquei espantada ao ouvir os comentários das pessoas sobre o quanto o filme foi pesado e como se espantaram com inúmeras cenas, como também o quanto os personagens falam a palavra "nigger" ou, como foi traduzido para o português, "negroide"
Sinceramente, as lutas impostas, os castigos desumanos, as mortes impiedosas e os abusos fazem parte da dura realidade do que foi a escravidão. Se até hoje as pessoas se chocam com isso é por que não conhecem de fato a história de todos os de todos aqueles arrastados da África contra sua vontade. Uma história que merece que fiquemos abismados e revoltados sim, mas com a barbaridade que foi cometida contra todo esse povo. A última coisa que o racismo merece é a nossa surpresa, isso me faz perceber como até hoje é um tema tão delicado de se falar.

Há pouco tempo soube que o ator principal, que interpreta Django, inicialmente seria o Will Smith, mas este achou o filme muito pesado e por isso decidiu ficar de fora assim que teve acesso ao roteiro. Tarantino no entanto, retrucou "Não peço permissão para os negros para tratar do tema do racismo e da escravidão. Não me venham com a história de que eu deveria suavizar o filme para o paladar das audiências. Quis fazer justamente o contrário (...) quero que o público sinta na pele as atrocidades da escravidão e reflita"
Completo que o essencial para pensar em combater o racismo é começar a entender e conhecer a história escravocrata, o conhecimento é a base de tudo na vida. Além disso, (me corrijam se estiver enganada) o que vejo nas escolas são professores e pedagogos que insistem em suavizar os fatos para seus alunos, as vezes não é nem por escolha própria. Frequento aulas na licenciatura, sei como as escolas podem ter seu ar inquisidor. Isso deve mudar.


Achei inovadora uma cena que retrata uma série de escravos em fila indiana com vários instrumentos de ferro no pescoço - quero deixar claro que não sou historiadora e não sei bem como esses objetos se chamam - são coleiras, máscaras de ferro e outros tantos apetrechos que pareciam ser para "manter os escravos em ordem" o que para mim significa torturá-los como mesmo.
Não achei nenhuma foto dessa cena, mas achei essa outra do filme Quanto Vale ou É por Quilo? (2005) o qual nunca assisti mas que retrata a cena igualmente bem.
Até hoje, eu tinha ciência da existência e do uso desses objetos mas nunca tinha os visto fora das pinturas retratadas nos livros de História, nem mesmo em fotos! Foi nesse momento que pude sentir a história como algo real, ouso dizer até mesmo palpável...
Todas essas atrocidades aconteceram de fato e cá estamos nós horrorizados com algo que se passou, sem notar que somos capazes de fazer algo concreto para combater os resquícios do racismo.
O que fica é a estória do herói que se torna símbolo da vingança de todos que um dia tiveram coleiras, máscaras ou correntes em seus punhos e foram taxados como míseros objetos descartáveis. Assim podemos ter um pouco de conforto e voltar a falsa posição que não gera incômodo algum, o oposto do que deveria de fato permanecer.



5 estrelas para Django Livre!

Essa semana o tema da escravidão e combate ao racismo está bem recorrente na minha cabeça, espero escrever mais sobre isso essa semana. Será que consigo traçar um eixo temático só essa semana? Em todo caso, fica para quem ainda não assistiu, o trailer do filme Django Livre.

6 comentários :

  1. Muito muito bom!
    Tanto o filme como o review!

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  2. Eu amei Django Livre, é um filme recomendadíssimo e muito tocante!
    Flor, para colocar umas coisas básicas que vão fazer seu blog ficar muito mais fofo, ele tá lindo! Mais tem coisas como: a opção de responder os comentários que creio que você deseja, e como eu fiquei muito perdida durante muito tempo, vou dar essa dica á você! Veja esses dois blogs: http://www.camilasdesigns.blogspot.com.br/ www.ecleticus.com

    Beijinhos, sucesso!
    Lia ¨
    www.limaoealecrim.blogspot.com

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  3. Oi Jamilly,
    Sim estou perdida procurando isso! Nossa muito obrigada pela dica e pela visita.
    Você sabe onde eu acho pra colocar essa resposta? Olhei uns tutoriais mas não encontrei.

    Beijos!

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  4. Django é um excelente filme. Acho o Tarantino um gênio!

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  5. Adorei! Muito bom. Quero assistir ao filme. bj

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